quinta-feira, 13 de junho de 2013

Colocação dos pronomes oblíquos átonos ( 3 )

Mesóclise:

4) A intercalação das variações pronominais átonas ocorre somente no futuro do presente e no futuro do pretérito, desde que antes do verbo não haja palavra que exija a próclise.

Exemplos: Realizar-se-á uma grande obra.
Falar-lhe-ei a teu respeito.
"Dir-me-á o leitor que a beleza vive de si mesma." (M. de Assis)
"Dar-me-iam água para lavar as mãos?" (G. Ramos)
"Ser-me-ia agradável passar uma hora em sossego." (G. Ramos)
Por este processo, ter-se-iam obtido melhores resultados.
"Sua atitude é serena, poder-se-ia dizer hierática, quase ritual." (Raquel de Queirós)

Havendo palavra atrativa, impõe-se a próclise:

Não lhe pedirei nada. Ninguém se importaria.

Observação:

Em caso algum se haverá de pospor o pronome átono ao futuro do indicativo: dir-lhe-ei, dir-lhe-ia, far-se-ia, vender-lhe-ei, chamá-lo-ia, e nunca: direi-lhe, diria-lhe, faria-se, venderei-lhe, chamaria-o.

Ênclise:
5) Os pronomes átonos estarão em ênclise:

1) Nos períodos iniciados pelo verbo (que não seja o futuro), pois, na língua culta, não se abre frase com pronome oblíquo:

"Vai-se a primeira pomba despertada!" (Raimundo Correia)
"Diga-me isto só, murmurou ele." (M. de Assis)
"Vendo-a entrar, Araquém partiu." (José de Alencar)

Observação: Iniciar a frase com o pronome átono só é lícito na conversação familiar, despreocupada, ou na língua escrita, quando se deseja reproduzir a fala dos personagens: Me ponho a correr na praia. "Me larga! Eu quero ir embora." (Fernando Sabino) "Nos atirarmos à água pode nos ser fatal." (Milor Fernandes)

2) Nas orações reduzidas de gerúndio, quando nelas não houver palavras atrativas:

"O anão chegara-se a Inocência, tomando-lhe uma das mãos." (V. de Taunay)

Observação:

Se o gerúndio vier antecedido da preposição expletiva em, ou modificado por um advérbio, usar-se-á a próclise: "Em se tratando de um caso urgente, nada o retinha em casa." "Não o achando em casa, voltei desanimado." "Custódio era dado ao luxo, pouco se importando com os gastos."

3) Nas orações imperativas afirmativas:

"Romano, escuta-me!" (Olavo Bilac)
Procure suas colegas e convide-as.

Observação: A próclise com o imperativo afirmativo não era estranha ao português clássico: "Agora tu, Calíope, me ensina..." (Camões). "O pão nosso de cada dia nos dai, hoje." (Oração dominical)

 4) Junto a infinitivo não-flexionado, precedido da preposição a, em se tratando dos pronomes o, a, os, as:
Todos corriam a ouvi-lo.
Começou a maltratá-la.
"Sabe ele se tornará a vê-los algum dia?" (J. de Alencar)

Observação: Junto a infinitivo flexionado, regido de preposição, é de rigor a próclise: Repreendi-os por se queixarem sem razão.

6) Vindo o infinitivo impessoal regido da preposição para, quase sempre é indiferente a colocação do pronome oblíquo antes ou depois do verbo, mesmo com a presença do advérbio não:

Corri para defendê-lo. Corri para o defender.
Calei para não contrariá-lo. Calei para não o contrariar.

Observação: Escritores clássicos costumavam intercalar o advérbio não entre o verbo e o pronome proclítico: "Calei para o não contrariar." "Há coisas que se não descrevem." (G. Cruls) "Já me não lembravam os três primeiros nomes". (M. de Assis) Tal colocação é obsoleta.







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